         | 
      página atual:  artigos > o relfexo na falta d'água 
       
          
         
        "O reflexo na falta d'água" 
          
        Autor: Wellington Castro da  Rosa* 
         
         
         
        Ignorância  é desconhecimento. Estupidez é falta de inteligência. 
           
          No início  da civilização humana, muitos erros foram cometidos em razão da inexperiência  da espécie. Sem referências para se basear, sem exemplos a seguir, a humanidade  avançou mediante a prática de tentativa e erro.  
           
          Grandes  erros foram cometidos. Mas escusados pela então ignorância dos novatos. 
           
          Milhares  de anos e de gerações se passaram, e o ser humano além de ter ficado mais  maduro, passou a contar com as experiências passadas para lhe servirem de  referências em seus passos futuros.  
           
          Contudo,  fortes indícios apontam que nosso aprendizado não foi tão proveitoso quanto  poderia ter sido. O mais recente indicativo disso, surge neste final/início de  milênio: as evidências sugerem que em breve não haverá água potável para todas  as pessoas... 
           
          São de  iguais proporções o absurdo da situação e a reação da espécie à absurda  situação. 
           
          Frise-se  que a água não faltará por razões naturais, e sim como decorrência de ações  humanas. 
           
          Em razão  de um crescimento populacional estrondoso; uma incorreta gerência dos recursos  naturais; uso equivocado de tecnologia; descaso; ambição desenfreada e,  principalmente, como conseqüência do erro essencial da humanidade: não tomar a  vida e sua qualidade como referências mores. Por tudo isso, é bem provável que  realmente tenhamos chegado a ponto de não haver, em breve, água potável para  todos. 
           
          Quando  dizem que não haverá água para todos, estão na verdade prenunciando que milhões  de pessoas estão fadadas a morrer. Se não de sede, em razão de causas indiretas  decorrentes da escassez.  
           
          Uma  análise profunda do passado nos apontará as origens dos erros, mas as soluções  deverão ser buscadas no presente e no futuro e, essencialmente, orientando-se  por novos/velhos valores. Os mesmos que se tivessem sido seguidos nos teriam  evitado tal absurdidade. 
           
          Se for  fato consumado que faltará água, é igualmente fato que, se num primeiro momento  não há como reverter ao ideal, há sim como evitar o pior. Há tecnologia, há recursos.  Existem sim os meios para, se for o caso, até transformar água salgada em água  potável, de modo que não falte água para ninguém. O que não há, e esta é a gênese  do absurdo humano, é a prioridade pela vida. Toda e qualquer vida humana. 
           
          Mas, em  não havendo tal deferência, em não havendo esta valoração da vida tão decantada  em louvores ecumênicos de todas as eras, continuará a saga humana cuja  conseqüência é a desgraça de bilhões de pessoas.  
           
          As  implicações decorrentes da falta d´água são muitas, mas a abordagem é por  demais simplista. 
           
          A  “Declaração Universal dos Direitos da Água” da lavra da ONU, em meio a palavras  singelas e sutis, trás deliberadamente o prenúncio do controle que será  imposto. Alardeada como grande coisa, expõe sim a assunção por parte dos  mandantes da opção da manutenção do status quo, seja a que preço de vida  humana for. As considerações feitas não passam de velha retórica e segue  claramente a linha de “valores” que nos conduziram ao problema. 
           
          Não há  como considerar esta previsível escassez como sendo tão somente mais uma  conseqüência do prioritário progresso, da inevitável evolução. Tal raciocínio  pode até ser razoável com relação a outros inconvenientes decorrentes de  supostos melhoramentos na qualidade de vida das pessoas. Toda benesse, todo  aprimoramento alcançado, via de regra, traz atrelado um inconveniente que  diante do benefício é contornável, ou suportável, ou camuflável, e raramente  este inconveniente é resolvido de modo a não deixar “seqüelas”. 
           
          Assim  caminha a humanidade. Aos trancos e barrancos e empurrando o lixo para baixo do  tapete para, quem sabe, alguém no futuro que saiba o que fazer. Nós nos  acostumamos a suportar os resíduos do progresso, alguns a um custo muito alto.  Mas dizem que é para o nosso próprio bem. Ou nem isso. Enfim, que seja. 
           
          Mas alto  lá, faltar água para beber não! Terminantemente, NÃO. 
           
          Não há  progresso ou benefício que valha chegar numa situação de carência ou ausência  de água. Se a esse ponto realmente chegamos, o problema tem que ser resolvido e  não empurrado para baixo do tapete como os outros resíduos. 
           
          Por quê? Porque existe uma relação direta entre o nosso  mundo e nós que não pode ser desprezada nem mesmo pelo divino Homo sapiens de gravata. Nós somos  feitos de água pela razão de que era o meio mais eficiente para sustentar a  vida, e também o elemento mais abundante que existia neste planeta para o seu  desenvolvimento.  
           
          Privar-nos  de água, além de ameaça à vida, é como subtrair literalmente parte de nossa  essência. É roubar uma referência de maior valia para o ser humano, não só do  ponto de vista físico, mas também espiritual, por tudo que a água nos  representa. A água que nos dá e permite a vida. A água que nos banha, que nos  refresca, que nos diverte. A água que nos retira momentaneamente o peso do mundo  das costas cansadas. 
           
          Anunciar  tão grave problema, de forma tão plácida, tão despretensiosa até, sabendo-se  que existem os meios para o evitar, soa mais como uma forma deliberada de impor  outro meio de controle, de se estabelecer outra ordem mundial. Só que desta vez  eles irão “administrar” o bem que sustem a vida. 
           
          Uma  restrição no acesso à água trás em seu contexto a possibilidade de uma  involução, e só explicável sua aceitação ovina, pela letargia intelectual em  que se encontra a mente humana afogada num mar de informações intencionalmente  direcionadas. 
           
          Se nós  não formos capazes de perceber as possíveis e gravíssimas implicações a nossa  liberdade decorrentes do inevitável controle em razão da escassez do bem,  estaremos indelevelmente aceitando mais um limitador à nossa capacidade de  discernir, nosso direito de escolher, e mesmo de viver. 
           
          Se em breve faltará água no planeta água,  havemos de nos lançar em uma análise profunda da questão e começar a questionar  nossos rumos. Rever nossas prioridades. Reavaliar nossos valores. Nunca  aconteceu nada tão grave à espécie humana. 
           
        Mas, se  mesmo diante de tal quadro sombrio não formos capazes de tirar a atenção das  telas e das bagatelas sistemáticas oferecidas, quando no futuro anunciarem que  o acesso ao oxigênio será taxado ou controlado, já que não haverá ar limpo para  todos, pelo menos nos será mais fácil assimilar tamanha desumanidade. 
        Se  tudo que foi dito for considerado mera utopia, será porque o valor da vida  humana é mensurável. E enquanto assim for a dor não deixará de ser a parceira  da humanidade.  
        
        *Wellington Castro da Rosa é Agente de Polícia Federal classe especial. 
           
         
        | Voltar | 
           
                | 
        |